A Arma dos Snipers

Armas dos Snipers


O peso de um fuzil de sniper deve ser de no mínimo 5kg para diminuir o recuo e dar mais estabilidade. Outra técnica para facilitar o tiro é colocar um gatilho "pesado". A arma do sniper não deve ser pesada pois vai ser carregada por várias horas junto com outras coisas. Deve ser confiável em qualquer tempo e condição climática e facilmente reparada no campo. Deve ter uma mira de ferro de backup. Podem usar munição padrão militar, mas geralmente usam munição especial para maiores alcances.

No inicio os snipers usavam armas da infantaria que tinham desempenho acima da média além de munição especial. Depois passaram a receber armas dedicadas com óticos, equipamento de visão noturna, rádios e roupas de proteção.

As armas podem ser do tipo ferrolho ou semi-automáticas. A diferença está no volume de fogo e na precisão. As armas semi-automáticas são menos precisas mas atiram mais rápido. Também dão mais defeitos e são mais pesadas. Um outro defeito importante é ejetar o cartucho logo após o tiro o que pode comprometer a posição. Os snipers do USMC no Vietnã detectavam os vietcongues pela ejeção dos cartucho das AK-47 que brilhavam com o sol.

A primeira arma automática de snipers entrou em operação em 1940 com o Siminov russo, seguido do SVD em 1965. Era uma arma relativamente leve. Os modelos automáticos da Segunda Guerra Mundial mostraram ser ideais a curta distancia, para parar avanços de muitas tropas. Os fuzis de ferrolho não daria a mesma razão de tiro. É a razão de tiro que torna os fuzis semi-automático preferidos dos DMs.

Nas cidades o fuzil pode ter curto alcance e deve ser preferencialmente semi-automático. Com munição subsônica é possível usar silenciadores que também escondem a fumaça e o brilho do disparo. Um exemplo é a VVS russa. Os americanos tiveram boas experiências com as SR-21 equipado com silenciador nas cidades do Iraque.

No Vietnã, 85% dos snipers do USMC preferiram o fuzil M-14 ao invés do M-40 com ferrolho. As distâncias na selva eram pequenas e a M-14 tinha opção de tiro automático para o caso de contatos próximos ou emboscadas. Também era útil em terreno urbano.

O alcance das armas foi aumentado progressivamente. Na Primeira Guerra Mundial os alvos eram batidos a cerca de 200m, aumentando para 400-600m na Segunda Guerra Mundial e chegando a até 900m no Vietnã. O alcance das armas atuais dos snipers é de 400m contra alvo exposto parcialmente, 800m contra tropa exporta e 1200m com arma especializada. Veículos e equipamentos podem ser engajados a até 1600m com arma de grosso calibre.

O fuzil Remington modelo 700 foi recomendada em 1942 como um bom fuzil para sniper para os americanos. Foi recomendado novamente na Coréia com nova munição. Foi aceita finalmente no Vietnã com luneta M-84 pelo USMC e chamado de M-40A1. Já o US Army escolheu o M-14 com a mira M-84 e chamado de M-21. O M-14 foi projetado desde inicio para receber luneta incluindo a Starlight.

Em 1977, os M-40 do USMC passaram a ser substituídos por uma versão de fibra e camuflado, equipado com uma luneta Unertl 10x. Também em 1977, o US Army iniciou a substituição dos seus M-21 e pensou em usar um calibre maior. A Remington propôs o SWS - Sniper Weapon System baseada no M-40 chamada de M-24 em 1988. Cada um custava US$3,5 mil cada, ou US$ 10 mil completo e continuava preciso até após disparar 10 mil tiros contra 500 tiros do SMLE da Segunda Guerra Mundial. Em 1996, o M-40A1 foi substituído pelo M-40A3. Junto com o M-24 tinha luneta de 10x e pesava 5,4kg.

DM
A experiência americana no Afeganistão e Iraque levou a volta do 7,62mm como este M-14 com luneta, retirados de estoques e até do mercado civil, mais devido a ênfase em snipers. Mesmo assim o calibre não é bom acima de 600m.

US Army está padronizando o calibre 7,62mm para substituir vários armas como o M-14, M-24 r Mk 11. Apos o ataque de  9 setembro, grande parte dos 40 mil fuzis M-14 estocados foram retirados e reconstruídos para equipar snipers e DM americanos. A nova arma virou um DMR (Designated Marksman Rifle) no USMC e USSOCOM. Até recentemente era o único fuzil especial para os DM.

O M-24 do US Army é muito preciso, mas no conflito na Somália em 1993 mostrou que uma arma semi-automática podia disparar 4-5 vezes mais rápido. Assim o US Army pensou em padronizar armas semi-automáticas para os seus snipers.

A primeira a entrar em operação foi o Mk 11 baseado no SR- 25 (Stoner Rifle-25) com calibre 7.6x51mm a pedido do Seals. Depois foi usada com luneta Leopold 3x10 pelos observadores da dupla scout/sniper do USMC. É considerada mais precisa até 600m que a M-21 e mais leve (5kg). O US Army lançou o requerimento Semi-Automatic Sniper System (SASS) vencido pela SR25 e chamado de XM110. O XM110 só opera no modo semi-automático e os sniper terão que levar um fuzil M-4 ou similar para combate aproximado. A nova arma tem trilhos Picatinny, recebeu supressor e bipé, gatilho de precisão (mais pesado e com dois estágios), carregador 20 tiros e coronha ajustável. A arma pode ser usada pelos snipers e DM. O USMC estuda armas de médio alcance para engajar alvos entre 1.100 -1500m para substituir o calibre 7,62mm.

No Reino Unido o fuzil L42 foi substituído pelo Acuracy L96A1 na década de 80. Os fuzileiros britânicos usam o L115A1 AWM da Accuracy International com calibre 338 Lapua. Os britânicos também usam o L82A1 ( Barrett M-82).Em 2003, no Iraque, um L96A1 realizou um tiro com vento forte contra um alvo a 860 metros. Calcularam que o projétil cairia 56 pés e sairia da rota em 38 pés na lateral. Recentemente os britânicos retiraram de ação seus fuzil pesado S-80, substituídos pela metralhadora Minimi, que passou a ser usado pelos DM.

SASS

O MX110 SASS será o novo fuzil de sniper e SASS das forças armadas americanas.


O fuzil russo Dragunov (SVD = Semipolarnya Vintovka Dragunova ou Fuzil semi-automático Dragunov), é um fuzil semi-automático, com luneta, carregador de 20 tiros, munição 7,62X54R mm. A mira PSO-1 é adequada até mil metros. Quando introduzido o ocidente pensou que os russos dariam um fuzil de sniper para todo infante pois o fuzil tinha uma baioneta. Com o SVD é difícil de acertar um alvo a mais de 500m, pois flutua muito, mas é possível até 800m com munição especial. É usado mais pelos DM. O fuzil SVD mostrou ser ruim para counter-sniper no Afeganistão. Os russos logo passaram a desenvolver o SVDS com cano mais curto e coronha rebatível. O SVD também mostrou que não tinha a mesma rusticidade dos fuzis AK e precisava de um operador mais bem treinado.

Em 1990 foi iniciado a substituição do SVD com o SV-98 a ferrolho derivado do fuzil Record 1 de competição. Foi instalado um sistema anti-mirage depois da experiência no deserto e foi adotado no ocidente. Os russos iniciaram o uso de fuzil pesado calibre 12,7mm em 1999 para bater alvos a até 2km. Outra munição foi a de 9mm e .22 silenciosa. Ao invés de desenvolver uma arma para todos os terrenos e alcances, criaram armas para cada terreno e situação. A maioria tem silenciador. Todos fuzis de sniper russos são projetados com o opção de usar a mira de ferro para tiro rápido a curta distância (snap shot) ao contrario do ocidente. Sempre levam armas automáticas para combate aproximado.

Na década de 80 apareceram os fuzil de assalto modificados para sniper como o Galil MSG-90. Era mais barato que um fuzil dedicado, mas usam melhor óticos e munição dedicada em relação aos fuzis de infantaria.


anti-miragem

Fita anti-miragem do SV-98 e que foi adotado no ocidente. O ar quente do cano e fumaça atrapalham a pontaria e a fita diminui o problema.
SVD

Um sniper americano no Iraque treinando com um fuzil SVD russo. Várias fotos como esta, incluindo operações reais, sugerem que os americanos gostaram do fuzil.

 

As armas de maior do calibre dos snipers não são adequadas para esconder a assinatura sonora e visual dos disparos, que podem ser ouvidos a grande distancia e mesmo com supressor o zumbido da bala denuncia a posição ou direção do tiro.

Um supressor é diferente de silenciador. Enquanto o supressor mascara o som, o silenciador elimina completamente. A supressão diminui o alcance e o silenciador tem que usar munição subsônica com alcance de 300-400 metros ou bem menos. O som não pode ser ouvido a 100-200m em uma noite silencioso ou mesmo 30-50m em uma cidade barulhenta.

No Vietnã as tropas usavam um supressor Scionic como o MAW-1 do M16 e M-4SS para o M-14 e M-21. Eram bons a noite, pois eliminava o brilho e a vegetação abafava o resto do som.

Com um amplificador de imagem Starlight e supressor de som em uma M-14, os snipers americanos conseguiam atingir um vietcong em tempo claro e terreno plano a 400 metros sem ser detectados. Com apoio de luz Xenon de blindado como cobertura o Starlight conseguia ver a até 2000 metros.


Sniper pesado / Sniper de longo alcance / Sniper anti-material

O sniper pesado surgiu para destruição de alvos de alto valor ou material perigoso. Usa armas de grande calibre de pelo menos 12,7mm também chamados de fuzil anti-material. É usado pelos snipers, forças de operações especiais, equipes anti-bomba e equipes de proteção de perímetro.

Os fuzis anti-materiais têm calibre de 12,7mm a 20mm para atacar alvos como blindados leves, armas coletivas, centros de comunicações, mísseis, radares, centros de comando e aeronaves no solo. Assim, com um tiro de 5 dólares, é possível neutralizar uma arma de vários milhões como um caça a mais de mil metros de distância. Também são usados pelas equipes anti-bombas para destruir minas marítimas, minas terrestres e IED a distância segura. A munição perfurante-incendiaria (API) é usada para detonar explosivos.

O fuzil pesado Barret M82A1 (ligth fifty) foi introduzido em serviço em 1983 nos EUA. É uma arma semi-automática, de grande recuo, calibre 12,7mm, capaz de acertar o tronco humano a 1,5km. A arma pesa 12,9kg. Foi usada nas operações em Beirute em 1983 e no Panamá em 1989, mas muito mais na operação Desert Storm em 1991 onde as forças especiais a usaram para neutralizar aeronaves, estações de rádio e blindados.

Na operação Desert Storm, na noite entre 24-25 fevereiro, uma equipe motorizada do Force Recon do USMC usou uma M82A1 com munição API para destruir dois blindados YW531 a1100m. O sargento Kennedh Terry atingiu os dois com dois tiros, com vento e calor atrapalhando o tiro. Outros dois blindados se renderam.

O calibre 12,7mm tem capacidade de penetrar 25mm a 370m ou 13mm a 1600m enquanto 7,62 perfura 14mm a 100m e 10mm a 300m. A munição armor-piercing incendiary (API) é usada para penetrar e incendiar munição ou combustível dentro dos veículos. Contra explosivos a munição API as detona a longa distância pelas equipes anti-explosivos.

Foram os alemães que iniciaram o uso de fuzis pesados com o Mauser T-Gewehr M1918 na Primeira Guerra Mundial. O M1918 tinha calibre 13mm, tinha 1,68 m de comprimento e pesava 17,7kg vazio. O recuo podia quebrar a clavícula se disparado em pé, mas penetrava a blindagem lateral e até o bloco do motor dos blindados da época. A guerra terminou antes de serem convertidos para sniper em quantidade.

Ainda na Primeira Guerra Mundial os americanos começaram a ter interesse em armas de grande calibre com o calibre .50 após contato com o fuzil alemão. O primeiro teste com a munição de 12,7mm contra alvos de longo alcance foi na Coréia. Os americanos usaram um fuzil anti-carro Tokarev e adaptaram para o calibre americano. O calibre foi escolhido por ser o mais usado no ocidente e tem balística adequada para a função. 
 PTRD
Na Segunda Guerra Mundial os russos já tinham usado o fuzil anti-carro PTRD e PTRS calibre 14,5mm contra sniper bem protegidos e para tiro de longo alcance. Os americanos converteram alguns PTRD para o calibre 12,7mm durante o conflito na Coréia assim como alguns fuzis Boys.
 

A munição 12,7mm foi feita para metralhadoras pesadas e com pouca tolerância a erros para requerimento de tiro a longa distancia. Alguns fabricantes produzem lotes de alta qualidade para os fuzis de sniper.

O problema dos fuzis anti-material são o grande peso, recuo forte e grande assinatura visual e sonora. O problema do peso é relativamente fácil de resolver com os fuzis chegando a pesar 10-13kg com material leve. Para comparação, um AW50F britânico calibre 12,7 mm pesa 13,64 kg, um fuzil AWM britânico calibre 338 pesa 6,8 kg sem munição e um M-24 pesa 5,49 kg. Um SR-25 calibre 7,62mm pesa 4,87 kg.

O recuo ainda é difícil de resolver para os fuzis com ferrolho e por isso costumam ser semi-automáticos. Uma coronha de material sintético é usado para absorver parte recuo e o freio de boca consegue absorver até 70% ou mais, mas com muita assinatura com grande brilho, som e nuvem de poeira denunciando a posição. O engajamento de alvos a longa distância não necessita de arma semi-automática, mas resolve parte do problema de recuo e alguns fabricantes acham que é preciso engajar alvos em grande sucesso em algumas situações.

Assinatura

A assinatura dos fuzis pesados pode ser parcialmente resolvido com pano molhando embaixo do cano.


O uso de um projétil muito grande pode ser desperdício contra humanos, mas para isso foi desenvolvido o calibre Lapua Magnum .338 para tiro a longa distancia. O Lapua Magnun 8,6x70 pode ser usada contra alvos a até 1100m e pode chegar a 1500m, mais ainda é antipessoal dedicado não aceitando munição explosivo ou incendiário. As vezes ainda é insuficiente para contra-sniper como mostrado pela experiência francesa em Serajevo, a russa na Chechênia e americana no Iraque.

Existem vários modelos e fabricantes de fuzis anti-material, mas é um nicho de mercado pequeno. Nos EUA os fabricantes vendem até mais para o mercado civil. São exemplos de modelos de fuzil peado: Guiette .50 (bullpup), Haskins Rai Model 500 (usado pelo USMC em Beirute e Panamá); PGM Precision HECATE II (usado pelas forças especiais francesas), Robar .50 BGM, Mc Millan Gunworks (agora Harris) M-87, Barret M-99 (bullpup), KSVK  (bullpup), Truvelo SR . 50, Zastava M093, FN Nemesis (versão mais leve HECAT II FN) e CheyTac Long Range Sniper RIfle.

A M-107 foi usado no Iraque pelo US Army recentemente e mostrou ser muito boa para combate urbano e foi muito apreciada pelo alcance, precisão e efeito no alvo. O inimigo vê o impacto nos amigos e fica aterrorizado. O projétil da M-107 chega a partir um corpo no meio. Em uma ocasião um tiro de 12,7mm atravessou um muro de tijolo, matou um guerrilheiro e feriu dois com estilhaços de tijolos.

M-107

O M-107 é o novo fuzil de longo alcance americano complementando o M-82. O M-107 opera com ferrolho e tem a vantagem de ser mais leve. É usado para bater alvos a longa distância, como fuzil anti-material, pelas equipes anti-explosivo e para contra-sniper.

M-2 sniper

No Vietnã os americanos chegaram a equipar as metralhadoras M-2 com lunetas para tiro a longa distância a 1500-2000m. O mesmo já tinha sido feito na Coréia. Na guerra do Pacifico os snipers USMC testou a metralhadora M-2 contra alvos japoneses a 1.100m com sucesso relativo e sem usar lunetas. FRF-2
Um snipers francês na Bósnia anota as posições e rotas inimigas em uma foto panorâmica acima da arma. Os snipers franceses usam o fuzil FRF-2 calibre 7,62X51 mm (foto) e o PGM Hecate II com cartucho 12,7X99 mm. As duplas de sniper/observador levam as duas armas e o sniper escolhe a melhor arma para a situação. O FRF-2 usa uma cobertura de plástico em volta do cano que diminui a assinatura térmica no calor, e diminui o ar quente que cria miragem. Após 1945 a França colocou um sniper em cada pelotão infantaria. Em cada um dos 23 batalhões de infantaria existe uma seção de snipers na companhia de comando. A seção têm quatro grupos de snipers, cada grupo com dois atiradores (e seu auxiliar).

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